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Trienal de Arquitectura de Lisboa

Pritzker 2021 premeia dupla francesa Lacaton & Vassal

«Há muita violência no urbanismo. Tentamos trabalhar com bondade». Contra a violência da demolição, as palavras de ordem da dupla Anne Lacaton e Jean-Philippe Vassal são acrescentar, transformar e reutilizar, numa lógica de sustentabilidade arquitectónica que lhes valeu o Prémio Pritzker 2021. Atribuído desde 1979 a nomes como Oscar Niemeyer, Frank Gehry, Norman Foster ou Zaha Hadid, e aos portugueses Eduardo Souto de Moura e Álvaro Siza, o Prémio Pritzker laureia agora esta dupla cujo percurso mostra, segundo as palavras do júri, que «a arquitectura pode ter um grande impacto nas nossas comunidades e contribuir para a compreensão de que não estamos sozinhos».

Anne Lacaton e Jean-Philippe Vassal conheceram-se quando eram estudantes de arquitectura em Bordéus, no final da década de 1970, e fundaram o seu atelier em 1987. Foram distinguidos em 2016 com o Prémio Carreira da Trienal de Lisboa Millennium bcp e em 2019 com o prémio Mies van der Rohe. Ao longo da sua extensa carreira trabalharam em projectos de referência como o Palácio de Tóquio em Paris, convertendo-o na maior galeria de exposições temporárias de arte contemporânea de França, mas foi a coerência da abordagem no todo da sua obra que lhes valeu o Prémio Pritzker.

Fotografia do último piso do centro cultural FRAC onde estão pessoas a olha para a vista panorâmica  que se tem do vão aberto sobre todo o comprimento desta sala espaçosa.

FRAC - Lacaton & Vassal © Paulo Catrica



O princípio seguido pela dupla tem sido a oposição à demolição integral, optando por reformular, converter e modificar edifícios, casas e complexos, entendendo que, na sua grande maioria, os projectos e as reformulações arquitectónicas podem e devem ser contidas para que sejam económicas nos meios e nos recursos usados. Deste modo, Lacaton & Vassal distinguiram-se no panorama arquitectónico internacional não por edificações exuberantes, mas por discretas alterações de baixo custo em complexos de habitação social em França. No entanto, também os distinguem obras mais institucionais como o imponente FRAC Nord-Pas de Calais, um centro de exposições reconvertido a partir de um velho armazém, ou os trabalhos de reestruturação da Escola de Arquitectura de Nantes, que foi objecto de uma fotografia de Tatiana Macedo para a exposição Beleza Natural no contexto da Trienal de 2019.

«O trabalho de Anne Lacaton e Jean-Philippe Vassal reflecte o espírito democrático da arquitectura», acrescenta o júri presidido por Alejandro Aravena. «Através da sua crença de que a arquitectura é mais do que apenas edifícios, através dos temas que abordam e das propostas que materializam, através de um percurso trilhado que é responsável e em alguns momentos solidário, mostram que a melhor arquitectura pode ser humilde e é sempre pensada, respeitosa e responsável».