Ao centrar a sua prática no país de origem, Marina tem aumentado a consciencialização sobre as mudanças climáticas, como as grandes cheias que desalojam milhões de pessoas no seu país, onde 700 rios do delta do Ganges representam uma ameaça constante. Neste contexto, defende uma abordagem mais naturalista da disciplina que integre simultaneamente o conhecimento tanto ancestral como indígena, e valorize competências, materiais e ciclos naturais locais reduzindo a pegada ecológica.
O júri internacional responsável pela escolha da vencedora do Prémio Carreira Trienal de Lisboa Millennium bcp destacou que o "arrojado passo em frente dado por Marina Tabassum na transformação da arquitectura, de um modelo de encomenda-passiva para um papel propositivo e activo, continua a mostrar-nos como esta disciplina pode enfrentar a crise climática e contribuir para o desenvolvimento social de forma criativa, atenta e inspiradora." Vale a pena referir que foi a primeira vencedora oriunda do Sul Global. Entretanto, Tabassum foi nomeada em 2024 uma das 100 pessoas mais influentes do planeta pela revista norte-americana Time.
Escolhemos uma peça concebida por Carlos Nogueira, conhecido artista português com raízes moçambicanas. A obra de Nogueira agrega pintura, escultura, instalação ou escrita, usando materiais do quotidiano como ferro, madeira, cimento, vidro ou carvão.
Ao longo de várias décadas, tem sido possível cunhar o trajecto profissional do artista com um olhar poético sobre a vida e as relações com o outro, que reflecte não só uma dimensão existencial como uma abordagem naturalista ao que o rodeia. A sua relevância na arte contemporânea valeu-lhe diversas distinções.
O Prémio Carreira Trienal de Lisboa Millennium bcp distingue o atelier ou pessoa no activo cujo trabalho e ideias tenham influenciado e continuem a ter um impacto profundo na prática e no pensamento arquitectónico contemporâneo. Acreditamos na prática consistente e de excelência, no trabalho relevante e na sua distinção.
A abrangência territorial deste prémio contou com figuras de cinco continentes para júri e a nomeação, assegurando uma pluralidade de vozes e uma diversidade de origens geográficas que lhe têm conferido uma sólida credibilidade. Desde 2007, quem vence este prémio recebe uma obra de arte original criada por artistas portugueses de renome, contribuindo para a projeção da produção artística nacional.
Cristina Veríssimo
Diogo Burnay
N’Goné Fall
Yael Reisner
Zhang Ke