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Trienal de Arquitectura de Lisboa
Edição
Equipa
Delfim Sardo, Julia Albani, Ana Vaz Milheiro, Diogo Seixas Lopes, Manuel Aires Mateus e João Luís Carrilho da Graça, entre outros
Informação adicional

Locais: Museu Colecção Berardo, Fundação EDP - Museu da Electricidade, MNAC – Museu do Chiado, Centro Cultural de Cascais

As Piscinas de Marés, 1966. Leça da Palmeira, Portugal © Fernando Guerra

Álvaro Siza

Carreira

Álvaro Siza é um nome incontornável da arquitectura internacional. Na segunda edição, o Prémio Carreira Trienal de Lisboa Millennium bcp foi-lhe entregue na cerimónia oficial pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva. 

Com uma carreira tão prolífica, é difícil imaginar que Siza quase escapasse à profissão. Ainda jovem, desejava ser escultor, mas por insistência do pai e o fascínio pelo catalão Antoni Gaudí levaram-no à Escola do Porto de 1949 a 1955. Sob o lema "o projecto está no lugar”, procurou ancorar o desenho no que há de particular no território, especialmente no Norte litoral português, mantendo um olhar atento às formas de construir e às lógicas espaciais vernaculares, sem revisionismos ou preconceitos de estilo. 

As suas primeiras obras foram a Casa de Chá da Boa Nova (1963) e as Piscinas das Marés em Leça da Palmeira (1966), aclamadas pela forma como se integram na paisagem. Seguiram-se vários projectos habitacionais dentro e fora de Portugal que se tornaram casos de estudo. Na década de 1960, começou a dar aulas, chegando a leccionar em universidades na Suíça, Estados Unidos ou Colômbia, a par dos convites para dar conferências pelo mundo fora. 

Entre inúmeras distinções, destacam-se a Medalha da Fundação Alvar Aalto (1988), o Prémio Pritzker em 1992, ou o Leão de Ouro da Bienal de Arquitectura de Veneza em 2012. À data, o júri responsável pela atribuição do Pritzker considerou que “quatro décadas de criação paciente e inovadora proporcionaram declarações arquitectónicas únicas e confiáveis, ao mesmo tempo que surpreenderam a disciplina com a sua frescura.”

Apesar do reconhecimento mundial, Siza manteve uma abordagem humanizada, concreta e focada nos elementos dos espaços, afirmando que “cada projecto é uma tentativa rigorosa de capturar um momento concreto de uma imagem transitória em todas as suas nuances. A medida em que essa qualidade transitória é capturada reflecte-se no seu desenho: quanto mais preciso é, mais vulnerável.” 

O espólio da sua vasta obra – que se estende da habitação social a privada, passando pelo ambicioso plano de reconstrução do bairro do Chiado no coração de Lisboa, a museus, bancos, fundações – integra diferentes acervos dos quais se destaca o reputado CCA. Com uma dedicação à profissão ímpar, recentemente assinou a ampliação do Museu de Serralves, obra que concebera originalmente. 

A propósito da sua experimentação contínua, a revista Casabella escreveu em 1986: “Precisamente por essa razão, a sua arquitectura pode comunicar-nos uma extraordinária sensação de liberdade e originalidade; nela se lê claramente o desdobramento de uma autêntica aventura de concepção. Ao aceitar o risco de tal aventura, Álvaro Siza conseguiu até mesmo trazer à tona o que se temia estar em perigo de extinção: o espírito heróico da arquitectura moderna.”

O galardão 

O galardão recebido por Siza foi a obra “Nós somos as casas” concebida por Rui Chafes. Reputado escultor português, foi vencedor do Prémio Robert-Jacobsen, atribuído pela Stiftung Würth na Alemanha em 2004, e do Prémio Pessoa em 2015. Uma das bases de trabalho que Rui Chafes tem reclamado é o pensamento estético do Romantismo Alemão. A partir de 1988, o ferro – quase sempre pintado de negro mate – passa a ser matéria de eleição, preferindo integrar as suas esculturas directamente na natureza ou em espaços arquitectónicos específicos.

Tem participado em inúmeras exposições, destacando-se a Bienal de Veneza de 2013, Museum Folkwang Essen, Esbjerg Kunstmuseum, Kunsthallen Nikolaj (Copenhaga), Fondazione Volume! (Roma) e a Fundação Eva Klabin (Rio de Janeiro).

Sobre

O Prémio Carreira Trienal de Lisboa Millennium bcp distingue o atelier ou pessoa no activo cujo trabalho e ideias tenham influenciado e continuem a ter um impacto profundo na prática e no pensamento arquitectónico actuais. Acreditamos na prática consistente e de excelência, no trabalho relevante e na sua distinção.

As figuras premiadas entre 2007 e 2022 representam uma abrangência territorial de três continentes, afirmando a pluralidade da arquitectura a nível mundial através de uma perspectiva abrangente de convicções e diversidade de geografias. Quem vence o Prémio Carreira recebe uma obra de arte original criada por artistas nacionais de renome, um contributo para o reconhecimento e divulgação da excelência da produção artística nacional.

Júri

Em 2010, o Prémio Carreira Trienal de Lisboa Millennium bcp foi atribuído através de uma auscultação pública.