A última sessão do programa Campo Comum foca-se na co-existência, na arquitectura como um quadro para encontros frutíferos entre diferentes utilizadores e comunidades. Se as últimas décadas têm sido definidas por uma forte sensação de fragmentação entre nós — consequência directa tanto do capitalismo como do neoliberalismo que nos rodeiam —, parece que agora há a vontade de enfrentar os desafios da nossa época em conjunto. Os nossos convidados são Wilfried Kuehn, co-fundador do atelier berlinense Kuehn Malvezzi, e Clara Simay, co-fundadora da cooperativa parisiense Grand Huit. Ambos apresentam projectos específicos onde têm actuado como designers, facilitadores e mediadores: da primeira casa do mundo para o culto de três religiões, à quinta urbana de policultura para a integração económica e alojamento de pessoas vulneráveis.
Kuehn Malvezzi (DE) é um atelier de Berlim co-fundado por Simona Malvezzi, Wilfried Kuehn e Johannes Kuehn, em 2001. Realizou vários projectos que vão desde museus e edifícios culturais até edifícios multi-usos e residenciais. Os seus actuais projectos incluem a inter-religiosa House of One em Berlim, o novo Insectarium de Montreal, a renovação do Bâtiment d'Art Contemporain em Genebra e um novo conjunto habitacional em Jannowitzbrücke, Berlim.
Grand Huit (FR) é uma cooperativa de arquitectura co-fundada por Julia Turpin e Clara Simay em Paris. Participou na criação de espaços baseados na sustentabilidade, inovação e solidariedade; projectos ancorados nos territórios, impulsionados por uma sinergia com múltiplos actores e activadores da economia circular. Está comprometida com o desenvolvimento da ecologia urbana, a reutilização de materiais de construção e a utilização de materiais ecológicos.
Esta série de conferências assume a arquitectura como uma atitude estratégica face ao espaço e aos recursos. Ao adoptar uma postura crítica e optimista, pode abordar a realidade de formas radicais, revelando contradições e potencial, e desenvolvendo projectos que viabilizem ideias emancipatórias, construindo assim um campo comum. Essa abordagem pode ser concebida como um processo cumulativo de constante apropriação, imitação, repetição, tradução e recontextualização com pensamento aberto - incluindo pragmatismo e humor - baseado na revisão cuidadosa da realidade material e das condições sociais. Explorar esses fios leva-nos a uma forma colectiva de construção.
Curadoria: Diana Menino e Felipe De Ferrari.