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Trienal de Arquitectura de Lisboa
Data
12 SET 2013 - 15 DEZ 2013
Edição
Equipa
Beatrice Galilee, Liam Young, Mariana Pestana, José Esparza Chong Cuy, Dani Admiss
Informação adicional

Locais: Museu da Eletricidade, Carpe Diem Arte e Pesquisa, MUDE Museu do Design e da Moda - Colecção Francisco Capelo, entre outras. 

Futuro Perfeito © Luke Hayes

2013

Close, Closer

A premissa da terceira Trienal de Arquitectura de Lisboa não é dar respostas mas sim colocar questões que, através do seu contexto e esfera, contenham uma declaração de intenção bem como um apelo à ação.

Close, Closer é uma investigação ao território alargado da prática arquitetónica contemporânea. Ao longo de três meses, a partir de diversas plataformas de exposições, eventos, discursos, conversas, peças de teatro, histórias, campanhas, concursos, jantares, debates, parlamentos, publicações, interfaces, atmosferas, experiências, invenções e ações cívicas, a Trienal vai analisar a condição em que a arquitetura é exercida, bem como a forma como é enquadrada, expressa e entendida. Quatro programas centrais, Futuro Perfeito, A Realidade e Outras Ficções, Efeito Instituto e Fórum Novos Públicos e uma multiplicidade de Projectos Associados, apresentam a arquitectura não apenas como um objecto e uma ideia a ser mediada, mas como um acto de mediação em si mesmo.

Futuro Perfeito

Futuro Perfeito é uma cidade ficcional do futuro. Um think tank de cientistas, tecnologistas, designers, artistas e autores de ficção científica desenvolveram colectivamente este lugar imaginário, as paisagens que o rodeiam e as histórias que contem. Com curadoria de Liam Young, a exposição forma o cenário para um conjunto de ficções, infraestruturas emergentes e experiências projectuais que podem ser habitadas sob a forma de “distritos” de grandes dimensões de uma cidade do futuro.

Emergindo das sombras das torres em ruínas de um Dubai pós-afluência petrolífera, produto da geo-engenharia de climatologistas e influenciada pelo boom económico iminente do subcontinente Indiano, esta é uma ilha urbana terraformada. Uma cidade que cresce em vez de ser construída, uma criatura que vive, respira e computa, uma ecologia em ebulição que se tornou na nova megaforma metropolitana. Trata-se de um urbanismo especulativo, um presente exagerado onde podemos explorar as maravilhas e as possibilidades da investigação biológica e tecnológica emergente e perspectivamos mundos possíveis que queremos construir para nós mesmos. Porque o futuro não é algo que passa por nós como água, é um lugar que devemos configurar e definir ativamente. Através de ficções, partilhamos ideias e escrevemos a crónica das nossas esperanças e medos, das nossas mais profundas ansiedades ou fantasias mais ousadas. Alguns de nós vão deixar-se levar pelo que a cidade poderia ser, outros vão mostrar-se reticentes e olhá-la com cautela. Nunca andámos estas ruas, por aquilo que está por vir, num Futuro Perfeito.

A Realidade e Outras Ficções

A Realidade e Outras Ficções tem lugar no Palácio Pombal, um edifício que teve diversos usos e programas ao longo da sua história. De residência a embaixada, deu lugar a inúmeros acontecimentos e eventos. A exposição traz de volta os usos que o edifício teve no passado através de intervenções que promovem encontros entre o palácio e o visitante. A partir de factos históricos, as intervenções constroem ficções ideológicas materializadas em espaços e programas reais, passíveis de serem usados. Aglomerados em sincronia pela primeira vez, os usos do passado, agora re-encenados, re-imaginados, são justapostos.

A preocupação latente nesta exposição com curadoria de Mariana Pestana prende-se com a ambiguidade e com os paradoxos inerentes ao exercício da hospitalidade, com os postulados que definem e condicionam os usos da arquitetura. Os conteúdos e situações geradas pelos trabalhos ali presentes destabilizam as regras e os compromissos subjacentes à ocupação e uso do espaço para levantar questões acerca dos lugares do dia-a-dia, da forma como nos relacionamos com eles e como eles nos fazem relacionar com o outro. Na intimidade que estabelecem entre lugar e ocupante cada um dos trabalhos exerce formas de hospitalidade. Seja para evidenciar os conflictos inerentes ao seu exercício ou para lembrar a urgência da sua aplicação, para instigar encontros inesperados ou para promover oposições, ou convergências, ou combates, ou consensos.

Efeito Instituto

As instituições são mediadores da prática arquitectónica e geradoras do seu discurso. Revistas, jornais, websites, galerias, espaços de projeto, arquivos, bibliotecas e museus por todo o mundo que situam a prática da arquitetura contemporânea, que comissariam e escrevem a sua história futura, são indiscutivelmente tão influentes no panorama atual quanto os autores que lhe dão nome, os arquitetos.

O Efeito Instituto converte-se numa homenagem viva e em transformação à instituição contemporânea. Apresentando uma temporada intensa de workshops, palestras, debates e projeções, O Efeito Instituto pretende ser um fluxo de atividade em constante rotação. Desde uma palestra ao entardecer a uma exposição com a duração de seis dias, doze instituições internacionais pioneiras irão alternar sucessivamente como anfitriãs de um programa público, formando uma série de residências dinâmicas.

O espaço expositivo foi desenhado pelo primeiro instituto, a Fabrica. Contextualizado como uma instituição fictícia, integra uma livraria, um arquivo, área de workshop e de exposição, bem como a criação de uma identidade gráfica e um website. No âmbito da exposição, cada instituto deve seguir um conjunto de regras criadas pela instituição antecedente, bem como criar uma regra para o seu sucessor.

Ao longo de três meses, os visitantes participam em actividades tão diversas como explorar novas formas de pedagogia num workshop de participação intensiva; visitar uma construção à escala 1:1 reimaginada de uma galeria de arquitetura mexicana; produzir uma experiência editorial; ou explorar Lisboa através de uma série de intervenções alternativas alargadas a toda a cidade..

Fórum Novos Públicos

Na vida real tal como no teatro, representar é um pré-requisito. E no entanto, a liberdade criativa que advém de representar num palco é de alguma forma minimizada quando a acção decorre na vida real. É esta condição de ficção -  a leitura de uma representação dramática como um momento desligado da realidade – que permite às experiências teatrais serem radicalmente inovadoras. Mas se por um lado entendemos que o teatro é tão real quando a vida, e se reconhecemos que a linguagem que usa para comunicar – visualmente, auditivamente, emocionalmente – com a audiência, é a mesma linguagem que usamos para nos entendermos na realidade, então porque razão não é a vida real o palco onde representamos os nossos desejos?

O que aconteceria se, de repente, um palco público da vida real fosse revelado nas nossas cidades? O que aconteceria se recontextualizássemos a realidade controlada do espaço público num site teatral de troca onde pudéssemos, coletivamente, representar as nossas aspirações? A ficção tornar-se-ia vida real e vice-versa?

Fórum Novos Públicos convida todas as audiências a juntar-se nesta plataforma cívica e serem atores da cidade que imaginam. Este programa público experimental vai apresentar uma série de Actos que se realizam no Palco Cívico, projectado por Frida Escobedo, de 12 de Setembro a 10 de Novembro de 2013.