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PTEN
Trienal de Arquitectura de Lisboa
Data
06 JUN 2016
Horário
18h30
Local
Participantes
Manuel Graça Dias, Joana Gorjão Henriques, José Manuel Henriques, João Seixas

Quem vai poder morar em Lisboa?

Debate sobre habitação

O mote da conversa reuniu o arquitecto Manuel Graça Dias, a jornalista Joana Gorjão Henriques, o professor José Manuel Henriques e o investigador João Seixas na segunda-feira, 6 de Junho de 2016, às 18h30 na sede da Trienal é “Quem vai poder morar em Lisboa?”. Da gentrificação e do turismo à subida no preço da habitação: causas, consequências e propostas.


“O Estado adoptará uma política tendente a estabelecer um sistema de renda compatível com o rendimento familiar e de acesso à habitação própria.” Ponto 3 do artigo 65º da Constituição Portuguesa 

Um grupo informal de habitantes da cidade de Lisboa juntou-se à volta de uma preocupação comum: a percepção de uma abrupta alteração das dinâmicas da cidade e sobretudo da grande subida do preço da habitação. Começaram por conversar casualmente sobre o que os preocupava. Essas conversas tornaram-se mais regulares. As inquietações comuns tornaram-se mote para a organização de um debate à volta do tema.

Das conversas e de alguma pesquisa foi escrito, a várias mãos, o texto abaixo:

A grande intensificação do turismo em Lisboa tem implicado transformações significativas na vida de quem nela habita. Muitas são positivas, mas o que verificamos de forma empírica é que o saldo é negativo para a larga maioria que vive (n)a cidade. O que nos preocupa ao ponto de nos juntarmos para propor o debate e procurar soluções, é aquilo que consideramos ser a mais devastadora das transformações de que falamos: o brutal aumento dos valores da habitação, com especial incidência no centro histórico alargado da cidade de Lisboa. Grande parte dos residentes, sem capacidade económica para enfrentar esta subida, está a ser forçada a deslocar-se para bairros cada vez mais periféricos. As zonas mais centrais da cidade parecem estar a tornar-se morada exclusiva dos mais ricos e de habitantes temporários.

É incontornável que Lisboa vive um pico de projecção internacional; que as receitas do turismo podem contribuir para a recuperação económica do país; que este pode ser motor de reabilitação urbana do património arquitectónico e contribuir para a criação de emprego. Mas a aparente ausência tanto de uma estratégia de planeamento como da avaliação dos seus impactos, a par da quase inexistente regulação do processo, tem consequências avassaladoras.

Urge estancar a sangria do centro histórico da cidade e regular a actividade turística para que sirva os interesses da cidade, de quem a habita e de quem a visita.