Objecto-Projecto explora a ideia de que é através da identificação com objectos que a identificação com o outro é possível. Partindo da relação entre Lisboa e a Costa da Trafaria, a exposição identifica diferentes assemblagens logísticas que marcam o crescimento urbano da “outra banda,” desde movimentos religiosos a desenvolvimentos industriais. Dando particular destaque ao papel dos movimentos operários e do associativismo a exposição dá visibilidade às práticas e aos quotidianos que ao longo do século XX transformaram a escassez económica e institucional da Costa da Trafaria, numa possibilidade de sobrevivência. A exposição abre duas linhas de inquérito: a do objecto, que determinado por princípios logísticos se inscreve de uma forma autónoma no seu contexto urbano; e a dos projectos colectivos, no âmbito dos quais o objecto arquitectónico participa de processos de transformação política e social.
Objecto-Projecto decorre no Presídio da Trafaria e inclui dois seminários internacionais:
Objectos e Colectivos
A costa de Almada é desenhada por estruturas logísticas de grande envergadura, desde o pórtico da Lisnave na Margueira, passando pelo Lazareto de Porto Brandão, ao Terminal Cerealífero na Trafaria. Mas que relação estabelecem estes objectos urbanos com o desenvolvimento da cidade? E de que formas diversas estes espaços marcam as memórias colectivas e o dia-a-dia de quem vive em Almada? O seminário “Objectos e Colectivos” procura trabalhar estas questões a partir de duas conversas, a primeira focando os “Movimentos, Associações, Cooperativas e Colectivos” que fazem de Almada um caso único a nível nacional; e a segunda debruçando-se sobre as ideias de “Forma e Objecto” no contexto de diversos projectos de transformação social.
O seminário terá lugar no Antigo Presídio da Trafaria. A entrada é livre.
Contágio
Contágio pretende interrogar os diferentes modos pelos quais colectivos, movimentos sociais e organizações populares ganham forma. Contágio é um termo que descreve a propagação de uma influência ou doença. O termo migra no início do séc. XX para psicologia de grupo adquirindo um pendor negativo em associação com os conceitos de massa e de multidão. É usado para explicar a propagação de comportamentos irracionais por influência e sugestão, em substituição de uma racionalidade predicada no indivíduo. O seminário Contágio toma uma visão oposta: que colectivos, movimentos e multidões não são irracionais, que as demandas populares não carecem de fundamentação. Tomando Almada como cidade única onde a propagação de ideias libertárias e comunistas teve uma incidência altíssima – desde a luta pelos direitos laborais, à emancipação feminina ou ao direito à educação -, Contágio procura discutir o papel da arquitectura em processos de emancipação social e especular sobre a sua capacidade de afectar a disseminação de ideias, movimentos e projectos de vida. O seminário tem lugar num cacilheiro em trânsito permanente entre os vários terminais fluviais de Lisboa e Almada. A entrada é livre, com lotação máxima de 100 pessoas.
