Campo Comum muda de formato
Com estreia prevista para Abril de 2020, o ciclo de conferências Campo Comum comissariado por Diana Menino e Felipe de Ferrari reinventou-se para dar resposta às restrições que o ano impôs e ajustou o seu formato. De quatro conferências presenciais, concentramos o programa de 2020 para duas sessões em formato exclusivamente online através da plataforma Volto.
Em inglês sem tradução, estas apresentações em sessão dupla onde se confrontam duas experiências e práticas têm moderação da dupla curatorial. Em comum, este campo tem assim a arquitectura como imperativo de mudança, na sua relação com o mundo, na sua metodologia e na sua apropriação da realidade dando voz a ateliers europeus reconhecidos pelas suas abordagens inovadoras.
Numa co-produção da Trienal de Arquitectura de Lisboa e o Centro Cultural de Belém/ Garagem Sul, o primeiro momento acontece em streaming a 28 de Outubro de 2020, às 18h30, para abrir caminho ao debate do tema Cooperação, Reutilização e Upcycling. Esta conferência de abertura é com Jane Hall, a britânica fundadora do atelier Assemble e Barbara Buser, a suiça que está na origem da prática baubüro in situ. A conversa centra-se em diferentes exemplos de transformação e reutilização de edifícios ou infra-estruturas abandonados ou devolutos como antigas fábricas ou mercados. Jane Hall e Barbara Buser apresentam as suas abordagens estratégicas e concretas à preexistências e examinar o papel de quem opera em arquitectura enquanto mediação de processos complexos de transformação – incluindo a relação entre rentabilização e financiamento, planeamento e construção, comunicação e participação. Cada sessão é composta por uma apresentação de cada atelier convidado seguida de uma conversa com Felipe De Ferrari, na qual convidamos quem assiste a participar com perguntas através de uma área de chat própria para o efeito.
Dois meses mais tarde, a 10 de Dezembro de 2020, é a vez do confronto de ideias em torno dos Novos Modelos Residenciais e Arquitectura sem Estatuto. Uma reflexão sobre o espaço doméstico, os modelos de habitação colectiva e o potencial de uma arquitectura sem estatuto, com apresentações de Martino Tattara - co-fundador do atelier Dogma com sede em Bruxelas - e Roger Tudó - membro fundador do atelier catalão Harquitectes. Ambos apresentam como as suas práticas desenvolvem uma reflexão sobre os padrões culturais e materiais, e oferecem modelos alternativos e simples. Uma ocasião para expôr uma série de projectos recentes que respondem a diferentes programas e com diversas complexidades e escalas: de blocos de habitação social no México à renovação de edifícios em Barcelona.
A partir da convicção da dupla curatorial de Campo Comum de que “a arquitectura deve ser compreendida como atitude estratégica em relação ao espaço e aos recursos disponíveis”, este novo programa procura “discutir a disciplina como um corpus de conhecimentos colectivo e estratégico que existe e que pode ser aplicado por qualquer pessoa, em qualquer comunidade, ambiente ou cultura, através de uma série de mecanismos, dispositivos, estruturas e formas. O desenvolvimento deste Campo Comum exige uma avaliação da noção de senso comum, um conceito crítico no contexto presente da neoliberalização e decadência política globalizadas. Ao adoptar uma atitude crítica e optimista perante os contextos físicos e culturais, as políticas, as incumbências e os clientes, a arquitectura pode apropriar-se da realidade de modos radicais e inesperados, da pesquisa à construção — tornando visíveis os seus potenciais e contradições, desenvolvendo projetos que dão forma a ideias emancipadoras, construindo assim um Campo Comum”. A dupla defende assim que “esta abordagem arquitectónica radical é não só desejável, como necessária”. Uma tal abordagem pode ser imaginada como um processo cumulativo de constante apropriação, imitação, repetição, tradução e recontextualização por meio de um pensamento aberto e generoso — incluindo pragmatismo e humor — baseado na revisão cuidadosa da realidade material e das condições sociais. Campo Comum explora os caminhos que nos podem conduzir a esta forma de construção colectiva.
Com lotação limitada, os bilhetes de 28 de Outubro e 10 de Dezembro 2020 estão à venda na ticketline ou em pessoa na bilheteira do CCB. O preço por sessão é de 7€, com descontos para estudantes, maiores de 65 anos, Cartão CCB, Patronos Trienal de Lisboa, Desempregados em que o bilhete fica por 5€.