O primeiro encontro do 3º e último ano do ciclo Campo Comum olha para a produção do espaço colectivo, compreendido como um activo fundamental nos nossos ambientes construídos. Nesta sessão, vemos o espaço colectivo como a relação produtiva entre a infra-estrutura pública e cidadãos e comunidades envolvidos. Por um lado, um plano aberto — arquitectura do solo — construído para durar, por outro, acções específicas e diferentes rituais que dão forma ao nosso quotidiano. Os nossos convidados são Pierre Alain Trévelo, co-fundador do atelier parisiense TVK, e Markus Bader, co-fundador do atelier berlinense Raumlaborberlin. Ambos vêm a Lisboa apresentar a sua abordagem específica sobre o espaço público, os vazios urbanos, o colectivo e, obviamente, o tempo: de praças urbanas resistentes a espaços para aprender a flutuar.
TVK (FR) é um atelier internacional de arquitectura e desenho urbano, fundado por Pierre Alain Trévelo e Antoine Viger-Kohler, em Paris, em 2003. Formados em Paris e Harvard, envolvidos desde início no ensino, procuram uma abordagem em que a teoria e a prática respondam uma à outra e se enriqueçam mutuamente. Através de projectos, investigação e escrita têm produzido de maneira constante uma obra única, ao mesmo tempo teórica e prática. O seu objectivo é captar a complexidade e o carácter paradoxal da situação actual do planeta, de maneira a contribuir para torná-lo habitável.
Raumlaborberlin (DE) é um colectivo alemão de nove arquitectos que se juntaram numa estrutura laboral colaborativa. Eles trabalham na interseção da arquitectura, planeamento urbano e intervenção urbana, encarando a cidade e a renovação urbana como um processo. Sentem atracção por localizações urbanas difíceis, por lugares abandonados ou em transição. A abordagem do Raumlabornerlin é definida por um urbanismo dinâmico, combinando investigação, envolvimento comunitário e maneiras radicais de actuação para gerar novas formas de criar espaço público. Em 2021, foram galardoados com o Leão de Ouro na 17.ª Exposição Internacional de Arquitectura em Veneza.
Esta série de conferências assume a arquitectura como uma atitude estratégica face ao espaço e aos recursos. Ao adoptar uma postura crítica e optimista, pode abordar a realidade de formas radicais, revelando contradições e potencial, e desenvolvendo projectos que viabilizem ideias emancipatórias, construindo assim um campo comum. Essa abordagem pode ser concebida como um processo cumulativo de constante apropriação, imitação, repetição, tradução e recontextualização com pensamento aberto - incluindo pragmatismo e humor - baseado na revisão cuidadosa da realidade material e das condições sociais. Explorar esses fios leva-nos a uma forma colectiva de construção.
Curadoria: Diana Menino e Felipe De Ferrari.