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Trienal de Arquitectura de Lisboa

Homeland: de Veneza para Lisboa

A exposição Homeland convida-nos a analisar o exercício de reflexão desenvolvido por 12 convidados, ao longo dos 171 dias da Bienal de Veneza de 2014, sob a curadoria de Pedro Campos Costa. Inclui excertos da conferência “Venice in Portugal”, entrevistas a colaboradores do jornal e divide-se pelas seis tipologias habitacionais tratadas ao longo das suas três edições: Colectiva, Unifamiliar, Informal, Reabilitação, Rural e Temporária.

Pela óptima adesão que Homeland | News from Portugal tem tido, a exposição mantém-se aberta até 8 de Março de 2015 na Garagem Sul do CCB. Dá assim a oportunidade a mais público de conhecer este projecto que materializou a Representação Oficial Portuguesa apresentado no formato de uma jornal com três números distribuídos na 14ª Bienal de Arquitectura de Veneza.

Esta exposição inclui ainda uma instalação vídeo produzida por Vítor Gabriel com entrevistas a participantes e excerto da conferência “Venice in Portugal” em que participou Pedro Gadanho, Valdemar Cruz e o curador.

Para público escolar, pode marcar uma visita guiada gratuita.
Um projecto com curadoria de Pedro Campos Costa
Coordenação Editorial: Alessia Allegri
Participantes: Adoc, André Tavares, Artéria, Ateliermob, Like Architects, Mariana Pestana, Miguel Eufrásia, Miguel Marcelino, Paulo Moreira, Pedro Clarke, Sami Arquitectos, Susana Ventura.

 

 

Os seis projectos

A Representação Oficial Portuguesa na Bienal de Arquitectura de Veneza esteve não só presente no local com uma reflexão da evolução da habitação a partir de seis temáticas tipológicas em Portugal como implementou seis processos urbanísticos. Protagonizados por 6 grupos de arquitectos focou as seguintes temáticas: temporário, informal, unifamiliar, coletiva, rural e reabilitação. Para cada tipologia uma cidade.

 

 

Porto

O projeto explora o conceito TEMPORÁRIO na perspectiva de imaginar modelos de ocupação estratégica de edifícios devolutos, numa óptica de dinâmica cultural. Em Portugal, os modos de habitar têm vindo a alterar-se ao longo dos anos, devido às transformações sociológicas das famílias, flexibilidade laboral e encurtamento de distâncias. A transitoriedade é um sintoma da sociedade pós-moderna que requer um repensar dos lugares e da cidade a partir de uma perspectiva menos rígida: as tipologias arquitectónicas e a morfologia da cidade enquanto realidades em constante transformação. Deverá a cidade por onde fluem estes trânsitos oferecer novos léxicos de acolhimento?

O objectivo é o desenho de um sistema que possibilite a implementação de uma estratégia de flexibilização de edifícios vazios, privilegiando a ocupação em vez do abandono, a dinâmica em vez da estagnação e a oportunidade em vez da dificuldade.

 

 

Matosinhos

O tema INFORMAL é explorado em duas vertentes: uma reflexão sobre a génese, as especificidades e a actualidade deste fenómeno urbano por parte do ateliermob e uma proposta prática que questiona o campo de atuação do arquiteto por Paulo Moreira. Após a euforia, nas últimas décadas, na indústria da construção e do imobiliário, que atraiu em massa a prática e o pensamento da arquitectura e do urbanismo mais mediatizado, o que ficou como herança nos vastos territórios que cresceram à margem dessas práticas. A intervenção reafirma o papel do arquitecto como mediador e actor de um processo que parte do conhecimento do território, em prol das comunidades e do interesse público e coletivo. Pretende criar em Monte Xisto (Matosinhos), um projeto-piloto participado e de investimento partilhado entre moradores, autoridades locais e uma rede de indústrias.

 

Loures

Um dos mais visíveis e dramáticos efeitos do presente contexto de crise na paisagem urbana Portuguesa é a quantidade de construções inacabadas e abandonadas que a povoam. Estas estruturas monumentais e silenciosas são representativas não apenas a estagnação dos sectores da construção e do imobiliário, mas também de uma inerente desagregação da sociedade, consequentemente, são sintomáticas da dificuldade da arquitectura contemporânea em veicular os interesses do âmbito público.

O projecto convocar o COLECTIVO, desenvolvido por Miguel Eufrásia e ADOC, pretende oferecer uma resposta experimental e inovadora a esta problemática. O objectivo central é desencadear e coordenar procedimentos que viabilizem a conclusão de uma edificação incompleta cujas obras tenham sido suspensas e que não tenham nenhuma expectativa de virem a ser retomadas. Para tal propõe-se, por um lado, usar a "agência" arquitectónica para liderar uma plataforma negocial que procura consensos e entendimentos entre proprietários, agentes financeiros, empresas de construção, autarquia e futuros habitantes, e por outro, radicalizar o modo de conceber habitação plurifamiliar, sendo mais atento e generoso relativamente aos espaços comuns e mais flexível, diferenciador, configurável, personalizável em relação ao habitat. Em última análise, espera-se que este caminho contribua para reforçar o papel da arquitectura na sociedade e para traçar uma aproximação de dois domínios que nos tempos recentes têm estado em oposição direta: interesse social e interesse económico.

 

Lisboa

O projeto reflete sobre o tema-base da REABILITAÇÃO com duas abordagens que pretendem construir modelos operativos, no sentido de implementar estratégias de regeneração urbana para a cidade de Lisboa. Lisbon Skyline Operation é uma intervenção do atelier Artéria, editado por André Tavares que tem como objetivo apresentar soluções pragmáticas para a reabilitação urbana de Lisboa. A partir da união de interesses entre moradores, proprietários, investidores e autoridades municipais é possível desenhar uma estratégia partilhada capaz de inverter o processo de degradação do centro histórico da cidade. Aproveitando um recurso emblemático da cidade de Lisboa – a paisagem de coberturas desabitadas – pretende-se aferir as potencialidades escondidas nos últimos pisos dos prédios. As coberturas são um recurso físico capaz de permitir a reabilitação de muitos edifícios e a proposta concebe uma estratégia que visa desencadear um processo viral, dinamizador da cidade e com a capacidade de ir desenhando um novo skyline habitado. Lisbon Skyline Operation propõe-se estimular uma reabilitação participada da cidade numa força coletiva de ações individuais, edifício a edifício, cobertura a cobertura.

 

Setúbal

O projeto desenvolvido por SAMI Arquitectos e com a arquitecta editora Susana Ventura explora o conceito UNIFAMILIAR, na procura de uma forma de pensar a intimidade em arquitectura e como isso pode influenciar o processo de habitar que escapa às actuais ferramentas de organização do território. Partindo deste tema, foi desenvolvida uma "Carta para Lugares de Intimidade" composta por três elementos: um "Mapa de Lugares de Intimidade", o projeto de um "Espaço de Intimidade" e uma reflexão sobre a sua forma de pensar arquitectura. Esta Carta decorre de uma vontade de pensar a Intimidade em arquitectura como um tema intemporal que atravessa os tempos, as paisagens e as próprias transformações culturais, sociais e económicas da sociedade, mas também como um tema que pode ser aplicado a qualquer escala do desenho arquitectónico, trazendo para o território o olhar atento e íntimo do desenho, normalmente associado à escala da casa. Um tema que pode, inclusivamente, caracterizar um modo de pensar arquitectura.

A identificação destes lugares parte, exatamente, dessa relação íntima que se estabelece entre a leitura de um território vasto e as suas singularidades, que escapam a olhares mais distantes e à macro-escala de planeamento urbano. A casa unifamiliar - pensada e desenhada a partir de cada um destes espaços - consegue, por conseguinte, criar com estes lugares uma relação íntima para a qual traz as características que os diferenciam entre si.

 

Évora

A abordagem ao tema RURAL foi decomposta em duas perspectivas distintas, uma analítica e outra propositiva, mas inter-relacionadas. A perspectiva analítica, elaborada por Pedro Clarke, é uma reflexão sobre o legado agrícola herdado (espaços, paisagem e estruturas), as alterações dos padrões de vida e de habitação das populações rurais e/ou urbanas no Alentejo, antigo celeiro de Portugal. A perspectiva propositiva, desenvolvida por Miguel Marcelino, consiste no projecto de reabilitação e reconversão de um Celeiro obsoleto e com problemas estruturais, no limite do centro histórico de Évora.