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Trienal de Arquitectura de Lisboa

Trienal apoia filme sobre obra icónica da Arquitectura Polaca

Manhattan as we call it é um filme dedicado à arquitecta polaca Jadwiga Grabowska-Hawrylak que celebra o seu 100º aniversário e tem estreia inédita portuguesa, a 27 de Dezembro de 2020 às 18h, com apresentações a 29 e 30 de Dezembro. Realizado por Tomasz Piech e Filip Janerka, com roteiro de Michał Duda e Małgorzata, a obra é co-financiada pelo Ministério da Cultura e Património Nacional do Fundo de Promoção da Cultura da Polónia, e a Trienal de Arquitectura de Lisboa associa-se como parceira estratégica, a este projecto fílmico desenvolvido pela Fundação Entre, tendo ainda o apoio institucional do Canadian Centre for Architecture (CCA), da Embaixada da Polónia em Portugal, e o Museu de Arquitectura de Wroclaw.

Manhattan de Wroclaw



Jadwiga Grabowska-Hawrylak é uma notável arquitecta polaca cuja obra precursora teve um papel crucial para o desenvolvimento da sua terra natal no pós-guerra, num contexto de recursos limitados e pobreza generalizada da Polónia socialista. O filme decorre na cidade de Breslávia (Wrocław) onde reside o complexo residencial e de serviços, conhecido como Manhattan de Wrocław, desenhado por esta mulher corajosa e ambiciosa. Reconhecido como um dos projectos europeus mais importantes do século passado, estes 6 arranha-céus, ornamentados com pré-fabricados curvilíneos, destacam-se pela sua funcionalidade transparente e linhas arrojadas que reflectem uma visão de uma cidade moderna e modernista - extraordinária e aberta.

Manhattan de Wroclaw © Jadwiga Grabowska-Hawrylak



O público é convidado a assistir gratuitamente à sua exibição online no Vimeo e assim viajar remotamente por este complexo residencial e de serviços erguidos pela autora, e perceber como é que os associados, residentes e colaboradores falam dos "centros comunitários" localizados nas superestruturas acima dos andares residenciais 50 anos depois. Com legendagem em Português, a estreia do filme é precedida de um encontro curto com representantes do Museu de Arquitectura de Wroclaw, o qual integra a rede da Future Architecture Platform de que a Trienal é também membro.

Sinopse

Como se vive num “monumento” de um postal? A acção do filme passa-se num dos centros comunitários actualmente abandonados, servindo de pretexto para conhecer moradores que viveram nestes edifícios extraordinários. O filme, documental, é contado a várias vozes, entre as quais Chris Niedenthal, fotógrafo britânico e repórter de transformação dos países do Leste Europeu nos anos 70, bem como habitantes dos prédios, arquitectos, especialistas, investigadores do trabalho de Jadwiga Grabowska-Hawrylak, curadores de exposições, funcionários da administração de edifícios, a família da autora. Condicionado pela crise pandémica, Manhattan mostra ruas desertas, poucos carros e pessoas com máscaras, ao invés da ideia inicial de gravar os bairros movimentados. O espectador mergulha por estas ruas de hoje e fica no ar: Como tem sido viver aqui no último meio século? Manhattan, como chamamos a estes complexos residenciais, encanta, choca, reconcilia, coloca em conflito e, sem dúvida, domina sobre a parte norte da cidade.

Os centros comunitários localizados acima dos andares residenciais são constituídos por salas de convívio e terraços com vista ampla sobre esta cidade plana, com o propósito de servir quem reside: como espaços de recreio e entretenimento, locais de encontro da comunidade local, anexo para pequenos apartamentos, onde - mediante reserva prévia - se pode organizar uma reunião de família.

No filme, o testemunho de Jadwiga Grabowska-Hawrylak revela o sucesso da sua obra pelo facto de “provocar discussões tanto no meio profissional como entre os habitantes de Wrocław. No início ficaram um pouco desconfiados, acompanhavam o desenvolvimento das obras, depois por muito tempo observavam os edifícios acabados. Afinal, aceitaram-nos, a desconfiança deu lugar ao patriotismo local”. 
A partir da descoberta desta obra exemplar de arquitectura concebida pela primeira arquitecta mulher formada na sua alma mater, o filme da autoria da Fundação Entre oferece assim uma viagem até à Breslávia.

Ver Filme

Sobre Jadwiga Grabowska-Hawrylak

Conhecida como uma ícone da arquitectura do pós-guerra, celebrava em 2020 o seu 100º aniversário em Outubro, dos quais sobreviveu 98 anos. Corajosa e independente, foi a primeira arquitecta mulher formada na sua alma mater. Apesar dos tempos difíceis do pós-guerra na Polónia socialista, criou uma arquitectura que se destacou à escala europeia. Foi autora de edifícios com funcionalidades transparentes e arrojadas, tanto em termos de expressão plástica, como de estrutura. Mulher activa e ambiciosa, concretizou a visão de uma cidade moderna, modernista, extraordinária e aberta, através dos seus projectos. A Manhattan da Breslávia foi reconhecida como uma das obras europeias mais importantes do século XX. Foi distinguida com o título de uma das 100 arquitectas mais importantes do século passado, pela MoMoWo (Women's Creativity Since the Modern Movement). 

Jadwiga Grabowska-Hawrylak


Bastidores com a arquitecta Jadwiga Grabowska-Hawrylak


Sobre a Arquitectura Polaca

No início do século 20, antes da Segunda Guerra Mundial, a Breslávia era o centro da vanguarda. A Academia de Belas Artes da cidade foi considerada uma das melhores academias de arte, apelidada por muitos como a Bauhaus antes da Bauhaus. Os primeiros modernistas deixaram a sua marca na cidade, incluindo Max Berg, que foi o conselheiro de construção da cidade e projectou, entre os outros, o Salão do Centenário, património da UNESCO desde 2006. A cidade também foi casa dos edifícios brutalistas de Hans Poelzig e o local da exposição de construção da exposição WUWA de 1929, organizada pela Deutscher Werkbund.

Hoje, 100 anos depois, entre guerras, comunismo, inundações devastadoras e reconstruções permanentes, Wroclaw é considerada como uma das mais belas da Europa, a cidade das cem pontes, dos estudantes e da revolução. A cidade de espírito jovem, repleta de cultura (Capital Europeia da Cultura 2016), caracteriza-se por uma arquitectura diversificada, e uma história rica. Uma cidade de parques, igrejas medievais, óperas clássicas, Art Nouveau, bairros modernistas, pubs, festivais de música clássica e rock, bicicletas, canoas e barcos. Uma cidade como qualquer outro aglomerado - barulhenta, apinhada, com pressa, entre cafés rápidos e conversas apressadas, que vive na agitação dos carros, no eléctrico, em bicicletas e, sem dúvida, multicultural e multidimensional. 

Publicação sobre Manhattan de Wroclaw



Projecto de Manhattan