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Trienal de Arquitectura de Lisboa
Data
15 SET 2021 - 21 OUT 2021
Horário
18:30
Local
Palácio Sinel de Cordes
Preço
Gratuita
Edição
Participantes
Inês Cisneiros, Alexandre Estrela, Merlin Sheldrake, Jennifer Gabrys
Co-Produção
Organização CADA em parceria com a Trienal de Arquitectura de Lisboa  

Estrutura financiada por: República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes

Apoios:
Câmara Municipal de Lisboa e NOVA LINCS

Design:
Marco Balesteros (LETRA)


Informação adicional
Entrada livre, mediante registo

Imagem gráfica do ciclo Human Entities 2021 © Marco Balesteros

Human Entities 2021

A cultura na era da inteligência artificial

A 5ª edição propõe um programa de conversas, que se realizam no pátio do Palácio  entre Setembro e Outubro de 2021. Com entrada gratuita, Human Entities é organizado pelo colectivo CADA em parceria com a Trienal de Arquitectura de Lisboa.

Abordagem curatorial

O que queremos da tecnologia raramente é discutido. Contudo, no início de 2021, a Comissão Europeia publicou uma proposta de regulamento para a inteligência artificial (IA). Uma vez aprovado, o "Artificial Intelligence Act" (AIA) será o primeiro enquadramento legal do mundo para a IA, destinado a proteger os direitos humanos digitais e a prevenir o autoritarismo digital.

Resta saber se esta nova lei irá limitar ou consolidar o poder das empresas de tecnologia. Até agora, e operando sem regulamentação, o investimento privado em tecnologias de IA tem criado um imenso potencial. Por exemplo, o recente avanço da DeepMind* na previsão de estruturas proteicas é extraordinário. Entretanto, no dia-a-dia, a inteligência artificial impregna tudo à nossa volta; está nos nossos telefones e nas nossas casas. A sua presença em infra-estruturas técnicas e sociopolíticas já está a transformar vidas humanas e meios ambientes.

Muitas iniciativas do sector privado para conectar florestas e oceanos têm boas intenções. Apesar da exagerada ambição da Microsoft em construir "Um Computador Planetário para um futuro sustentável", a sua AI for Earth é uma tentativa genuína de promover maiores eficiências em prol do bem comum. Aqui, como na sociedade em geral, a visão do mundo que prevalece continua baseada na crença de que a reforma das políticas, o capitalismo e mais computação irão salvar o planeta. Mas para quem tem dúvidas sobre esta configuração, o desafio é criar outra agenda. Para quem acredita que a crise climática é existencial, encontrar uma solução é um desafio em si mesmo.

Embora seja difícil imaginar o presente de outra forma, temos de continuar a questionar como é que chegámos aqui. A par da crítica, devemos encarar o contexto actual com um novo olhar e agir como se fosse possível mudar para melhor. Precisamos transgredir para outras áreas do conhecimento e forjar novas conexões. Acima de tudo, devemos permitir-nos expandir a experiência e encontrar outros mundos dentro dos que já conhecemos.


CADA (Jared Hawkey/Sofia Oliveira)

*DeepMind é uma empresa de inteligência artificial adquirida pela Google que através do seu programa AlphaFold conseguiu resolver um grande desafio de 50 anos. Este sistema de IA consegue prever as estruturas das proteínas do corpo humano - uma descoberta que permite aos biólogos entender melhor as doenças e desenvolver novos medicamentos.

Programa

Quarta, 15 de Setembro 2021, 18.30
A abordagem da União Europeia à regulação da Inteligência Artificial
Inês Cisneiros, Advogada

Quando foi eleita Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen estabeleceu como uma das suas prioridades a regulação de sistemas de inteligência artificial para salvaguardar os direitos fundamentais dos cidadãos da União, permitindo à Europa reforçar a aposta na inovação e no desenvolvimento tecnológico de forma segura. Isto resultou na apresentação de uma proposta de regulamento (ainda por aprovar) no início deste ano de 2021, o qual propõe a proibição de algumas práticas e a classificação de sistemas de alto-risco para restringir a sua introdução no mercado.

Esta abordagem é uma tomada de posição em relação à falta de regulação dos Estados Unidos e ao controlo pelo Estado, na China, em especial pelos limites éticos que fixa. Do caso Cambridge Analytica ao recente Projecto Pegasus, das ferramentas de identificação facial ao sistema de crédito social, são cada vez mais evidentes os usos abusivos das ferramentas digitais e de computação que comprometem o respeito pelos Direitos Humanos.

De que forma contribui a proposta apresentada para a protecção dos cidadãos numa sociedade globalizada? Poderá a estratégia europeia influenciar a adopção de boas práticas a nível mundial? Qual a relação entre esta proposta e o Regulamento Geral para a Protecção de Dados?

Uma conversa sobre o que se fixa e o que permanece por resolver também com a participação de Eduardo Santos (Presidente da Associação D3 - Defesa dos Direitos Digitais, Advogado) e João Leite (NOVA LINCS, Professor no Departamento de Informática da Universidade Nova de Lisboa). A conversa é em língua inglesa e seguida de uma sessão de Q&A.

Inês Cisneiros
É advogada na Miranda & Associados e Membro da Assembleia do LIVRE. Com estudos pós-graduados em Direitos de Autor e Sociedade da Informação, Protecção de Dados e Bioética, está actualmente a tirar um mestrado em Filosofia Política na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa (FCSH - UNL). No âmbito do seminário de Ética Aplicada do seu mestrado, trabalhou assuntos relacionados com os Agentes Morais Artificiais e a necessidade, não só da utilização, mas também de um design responsável. A sua dissertação de mestrado focar-se-á no impacto intergeracional de algumas formas de democracia participativa e de acção colectiva auto-organizada para a promoção de uma cultura democrática mais inclusiva, abordando também o impacto político da tecnologia nestes processos.

Quarta, 22 de Setembro 2021, 18.30
Artist talk
Alexandre Estrela, Artista

Uma conversa sobre a comunicação paralela (ou a falta dela) entre Arte e Ciência, no contexto do trabalho de Alexandre Estrela. Inclui a colaboração com o Moita Lab do Programa Champalimaud de Neurociências, a empresa Orange e o Human Language Technology Lab do INESC-ID/IST.

Alexandre Estrela estará em conversa com Jared Hawkey e Sofia Oliveira. A conversa será em língua inglesa e seguida de uma sessão de Q&A.

Alexandre Estrela. O seu trabalho artístico é uma investigação sobre a essência das imagens que se expande no espaço e no tempo através de diferentes suportes. Nos seus vídeos e instalações, Estrela examina as reacções psicológicas do sujeito às imagens nas suas interacções com a matéria. Cada peça convoca experiências sinestésicas, ilusões visuais e auditivas, sensações aurais e cromáticas, que funcionam como armadilhas perceptivas, que conduzem o sujeito a níveis conceptuais. Com esta estratégia, Estrela está constantemente a fragmentar a visão em dimensões sensíveis em direcção ao invisível e inaudível. Recentes exposições individuais incluem Museu Rufino Tamayo (All and Everything, Mexico City, 2020), Fundação Calouste Gulbenkian (Métal Hurlant, Paris, 2019), Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofía (Cápsulas de silencio, Madrid, 2016), M HKA (Roda Lume, Antuérpia, 2016), Museu de Serralves (Meio Concreto, Porto, 2013), entre outras. A sua próxima exposição, Studio Now, será no MoMA, Nova Iorque em 2022.

Terça, 28 de Setembro 2021, 18.30
Entangled Life, uma conversa com Merlin Sheldrake 
Biólogo e escritor, autor do livro 'Entangled Life'

No seu livro Entangled Life, How Fungi Make Our Worlds, Change Our Minds, and Shape Our Futures, Merlin Sheldrake apresenta-nos um conjunto surpreendente de conhecimentos sobre o misterioso mundo das redes fúngicas. ‘A atordoante viagem de Sheldrake [...] estende-se desde o fermento até os psicadélicos, desde os fungos que se espalham por quilómetros debaixo de terra e são os maiores organismos do planeta, até aos que conectam as plantas em redes complexas conhecidas como a "Wood Wide Web", passando pelos que se infiltram e manipulam corpos de insectos com uma precisão devastadora.‘ 

A compreensão destas redes fúngicas revela a origem da vida no planeta, com profundas consequências na forma como compreendemos a inteligência, a nossa relação com o ambiente e o nosso futuro.


Merlin Sheldrake conversa com Olivier Perriquet, artista visual com background em biologia computacional, convidando quem está presente a participar com questões.

Merlin Sheldrake é o autor do best-seller Entangled Life: How Fungi Make Our Worlds, Change Our Minds, and Shape Our Futures. Tem um Doutoramento em ecologia tropical da Universidade de Cambridge graças ao seu trabalho sobre redes de fungos subterrâneos nas florestas tropicais do Panamá, onde foi investigador pré-doutorando do Smithsonian Tropical Research Institute. É investigador associado da Universidade de Vrije, Amsterdão, e faz parte do conselho consultivo da Fungi Foundation e da Sociedade para a Protecção de Redes Subterrâneas.

Quinta, 21 de Outubro 2021, 18.30
Sensing Smart Forests
Jennifer Gabrys, Cátedra em Media, Cultura e Ambiente no Departamento de Sociologia da Universidade de Cambridge

As florestas são ambientes cada vez mais sensorizados. Quer sob a forma de armadilhas fotográficas para monitorizar organismos quer através da Internet of Things para detectar incêndios, existe uma série de tecnologias de sensores que observam e constituem florestas no que respeita à investigação científica, reivindicações de terras indígenas, governança ambiental, e prevenção e mitigação de catástrofes. 
A oradora estará online com streaming em directo para o local do evento. Em inglês, a conversa é seguida de uma sessão de Q&A.

Esta apresentação investiga as configurações sensoriais que as Smart Forests geram.  Pergunta de que forma as infra-estruturas sensoriais se materializam como distribuições de poder e governança, considerando também as práticas sensoriais que transformam e potencialmente reconstituem os regimes dominantes de percepção para outras formas de habitar e outros milieus.

Jennifer Gabrys é Cátedra em Media, Cultura e Ambiente no Departamento de Sociologia da Universidade de Cambridge. Lidera o grupo de investigação Planetary Praxis, e é Investigadora Principal no projecto financiado pelo ERC (European Research Council), Smart Forests: Transforming Environments into Social-Political Technologies (Smart Forests: Transformando Ambientes em Tecnologias Sócio-Políticas). Também lidera os projectos Citizen Sense e AirKit, ambos financiados pelo ERC. Escreve sobre tecnologias digitais, ambientes e vida social; publicações recentes incluem How to Do Things with Sensors (2019) e Program Earth: Environmental Sensing Technology and the Making of a Computational Planet (2016).

A entrada é livre mediante registo prévio aqui.