Com curadoria de Gonçalo M. Tavares, este projecto desenvolve-se a partir de uma investigação bibliográfica e visual para pôr em diálogo várias perspectivas acerca da exclusão/inclusão pela arquitectura. O objectivo é mostrar de que forma a cidade e as casas incluem as pessoas nas suas diferenças. Sensibilizar as pessoas para os desafios associados à acessibilidade ou sua falta é um tema a que a Trienal tem vindo a dedicar-se de forma crescente. Cada ano, o palácio acolhe um evento de apresentação dos resultados intercalares da investigação, integrando contributos de especialistas de vários campos disciplinares.
À luz da psicomotricidade, o escritor traz nesta primeira conversa testemunhos sobre estratégias de adaptação do ambiente doméstico a um envelhecimento pleno e com qualidade de vida. Propõe-se uma reflexão sobre autonomia e movimento do corpo idoso através de conceitos como o espaço memória, memento ou traidor que vão dar origem a um dos capítulos do livro em preparação.
A sessão é composta pela introdução ao projecto por Gonçalo M. Tavares com apresentação de alguns programas realizados em diferentes partes do mundo, ligados à ideia de uma cidade/casa doméstica e hospitaleira. Segue-se as apresentações sobre a arquitectura cognitivo-funcional para a população sénior de Sara Falcão e Catarina Branquinho, profissionais de Psicomotricidade. Quais as adaptações do espaço requerem as alterações cognitivo-funcionais. De que forma a intervenção psicomotora pode actuar, no sentido de restabelecer ou manter a autonomia e o movimento corporal da pessoa idosa?
Sob três anos, As cidades e as Casas decorre de uma extensa investigação acompanhada da produção de imagens e de um conjunto diversificado de entrevistas de pessoas cujo percurso ilustra as temáticas a par da realização de uma peça audiovisual documental. 350 obras literárias icónicas são revisitadas, destacando algumas autorias que revelam a selecção tão rica como eclética: Marguerite Yourcenar; Voltaire, Ludwig Wittgenstein, Clarice Lispector, Paul Valéry, Ernesto de Sousa, Adélia Prado, ou filósofos contemporâneos e clássicos como Paul Virilio, Nietzsche ou Peter Sloterdijk.
O projecto conta com a participação de uma equipa multidisciplinar que junta o colectivo artístico Os Espacialistas (arquitectos Luís Baptista, Diogo Guimarães e Sérgio Estevão), a ilustradora Rachel Caiano, a jornalista Rute Barbedo, a cineasta Larissa Lewandoski, a equipa de design, som e imagem da Alfabeto Padrão.