Desenho Expositivo: Diego Sologuren
Colecções por: Museu de Arquitectura e Design de Liubliana (Eslovénia), MAXXI - Museu Nacional de Arte e Arquitectura Contemporânea de Roma (Itália), Museu de Arquitectura da Estónia
Prolonga-se a abertura até dia 12 de Dezembro (Sábado)
A exposição de arquitectura tem como ponto de partida os acervos de três instituições culturais europeias que são membros da Future Architecture Platform: o Museu de Arquitectura e Design de Liubliana (Eslovénia), o MAXXI Museu Nacional de Artes do Século XXI de Roma (Itália), e o Museu de Arquitectura da Estónia sediado em Talin. Encomendada pela Trienal, esta proposta expositiva propõe pela primeira vez uma interligação entre autorias emergentes seleccionadas a partir das candidaturas ao call da Future Architecture Platform de 2020 e os membros desta extensa rede que junta 22 países.
A arquitecta e investigadora Sonja Lakić da Bósnia e Herzegovina é responsável pela curadoria e o arquitecto espanhol Diego Sologuren tem a cargo a cenografia da exposição. Apresentado no piso nobre do Palácio Sinel de Cordes este conteúdo expositivo original abre portas a 15 de Outubro e prolonga-se 12 de Dezembro de 2020. Um olhar sobre exercícios de arquitectura do passado que constituem ensinamentos para o contexto actual que exige uma reflexão humanista sobre diferentes formas de cuidar.
Desenvolvida em três capítulos, a exposição reúne uma diversidade de conteúdos que vai desde estudos, axonometrias, fotografias, ilustrações, plantas, maquetas. Um conjunto de entrevistas e testemunhos pessoais de alguns dos autores representados, dos seus familiares, investigadores e representantes de instituições, permite-nos também contextualizar estas abordagens e práticas levadas a cabo em diferentes territórios europeus. Esta mostra é co-financiada pelo programa Creative Europe da União Europeia e integra um alargado programa cultural para 2020 composto por eventos e encontros onde participam emergentes realizados pelos membros da Future Architecture em diferentes cidades europeias.
Isto não é apenas mais uma exposição sobre arquitectura. É uma viagem ao interior de qualquer arquitectura que (não) o seja e qualquer forma que (não) assuma, uma conversa sobre quem cuidam e sobre quem é cuidador; um retrato do não-evidente e uma homenagem às peculiaridades da mente humana.
É o tributo ao molde humano: aquele que liga e, no entanto, separa. Aqui, celebramos a imaginação e a paixão, os esforços individual e colectivo, os sonhos e as esperanças, bem como a coragem de agir em nome do amor por toda a humanidade. É uma ode a ideias e modelos que nunca o chegaram a ser. Uma invocação a repensarmos a nossa posição. Um apelo a recuarmos e, assim, desaprendermos aquilo que acreditamos já saber. É um lembrete amigável de que a vida vem antes dos edifícios. É um apelo para manter a mente e o coração bem abertos para, assim, se fazer o bem.
“What we search for in a work of architecture is not in the end so far from what we search for in a friend. The objects we describe as beautiful are versions of the people we love.” (...) "Who would you want to be friends with?") in The Architecture of Happiness, Alain de Botton, 2006
Sonja Lakić (1983) é arquitecta e investigadora com formação internacional e doutoramento em Estudos Urbanos. O seu trabalho gira em torno de uma arquitectura aberta e do urbanismo dialéctico, com um grande interesse nas formas vivas dos edifícios, com um foco antropológico e sociológico nos projectos e no ambiente construído. O seu percurso no Gran Sasso Science Institute e no ISCTE-IUL, como investigadora, teve como foco o quotidiano da arquitectura, casa(s), habitação e informalidade, edifícios como arquivos vivos e sociedades pós-conflito. Sonja opera em diferentes disciplinas e escalas, trabalha visualmente, e recolhe histórias orais, praticando etnografia não convencional e contando histórias principalmente através da fotografia.
Diego Sologuren (1985) estudou Arquitectura na ETS em San Sebastián e mais tarde em Saint-Lucas (Bruxelas), onde esteve envolvido no Programa de Mestrado em estudos urbanos. Desde a sua licenciatura com uma tese de projecto de uma escola de teatro na Dinamarca, desenvolveu a sua prática em vários países da Europa. Em 2014 juntou-se ao atelier do arquitecto africano Diébédo Francis Kéré onde explorou novos elementos na concepção de arquitectura e design: honestidade, economia de meios, e simplicidade formal. Em 2017, participou na exposição da 1ª Bienal de Arquitectura do País Basco como um dos finalistas para o Prémio Jovem Arquitecto. Actualmente sediado na Suíça, desenvolve a sua própria prática experimental, focada em levar a arquitectura até às suas fronteiras conceptuais com outras disciplinas.
A Future Architecture Platform é a primeira plataforma pan-europeia que traz ao debate público ideias sobre o futuro das cidades e da arquitectura, para uma audiência vasta. Esta rede agrega 26 agentes culturais europeus de arquitectura que desempenham papéis específicos no âmbito de um programa de arquitectura europeu complexo, ligando talentos emergentes multidisciplinares a instituições como museus, galerias, editoras, bienais, e festivais. A Future Architecture Platform dá oportunidade a todos os pensadores e profissionais da arquitectura, de se exprimirem, serem vistos e ouvidos. Desde a sua criação, em 2015, a Trienal de Arquitectura de Lisboa tem feito parte desta vasta rede arquitectónica.
Da lista de membros, fazem parte o Museu de Arquitectura e Design de Liubliana (Eslovénia), o MAXXI - Museu Nacional de Arte e Arquitectura Contemporânea de Roma (Itália), o Museu de Arquitectura da Estónia, a Casa da Arquitectura de Graz (Áustria), a Academia Real das Artes de Londres (Reino Unido), a Trienal de Arquitectura de Oslo (Noruega), o S AM - Museu de Arquitectura em Basel (Suíçao), o Museu de Arquitectura de Tallin (Estónia), a Fundação Mies van der Rohe (Espanha), o Museu de Arquitectura de Wroclaw (Polónia), a editora dpr-barcelona (Espanha), a Semana Internacional de Arquitectura de Belgrado (Sérvia), a Semana de Arquitectura e Design de Tirana (Albânia), a Associação de Arquitectos Dai-Sai de Pula (Croácia), a Fundação Calouste Gulbenkian (Portugal), a Galeria Vi PER de Praga (República Checa), a Plataforma Forecast de Berlim (Alemanha), o Festival de Arquitectura de Copenhaga (Dinamarca), a Fundação de Arquitectura de Prishtina (Kosovo), a Architektūros fondas de Vilnius (Lituânia), a organização CANactions em Kiev (Ucrânia), a Design Biotop em Liubliana (Eslovénia), a publicação Architectuul (Estónia), a Bienal de Arquitectura de Tbilisi (Georgia), a Bienal de Arquitectura de Timișoara (Romania) e o evento Dias da Arquitectura (Bósnia Herzegovina).
Ainda que à distância, esta dupla trabalhou em proximidade com os guardiões desses acervos de arquitectura. A escolha de Sonja, autora da proposta intitulada Apartment Biographies e de Diego, responsável pela proposta Manifesto for unexpected architectures (em co-autoria com Brad Downed) aconteceu em Fevereiro, a partir das 25 propostas finalistas convocadas para o Creative Exchange acolhido pelo Museu de Arquitectura e Design da capital eslovena (Liubliana). Esta selecção resultou do Open Call para projectos da plataforma, lançado em Novembro de 2019, que recebeu 433 candidaturas.
Foi neste seminário, a 12 e 13 de Fevereiro, que voltou a convocar os 26 membros desta rede pan-europeia, da qual a Trienal de Arquitectura de Lisboa é membro desde a sua fundação, que todas as instituições seleccionaram os participantes para os múltiplos eventos que cada um organiza. A Trienal justifica a escolha desta dupla pela diversidade de origens e percursos académicos em arquitectura, a capacidade de gerar narrativas a partir de uma linguagem acessível aberta ao grande público, valorizando-se ainda a paridade de género. As perspectivas que trazem para o mesmo projecto pretendem mostrar que o trabalho que desenvolvem em regiões e áreas de intervenção diferentes se complementa e actua de forma unificadora nesta exposição. Sonja é arquitecta e investigadora, aliando à sua prática a fotografia e o storytelling, numa dimensão de diferentes escalas e áreas. Diego faz da sua prática uma intervenção, ao desafiar as construções sociais e limites temporais. Desta forma, a Trienal acredita que esta dupla vai desenvolver um conteúdo e dispositivo expositivo acessível que chega a toda a gente e não só ao público especializado.