Organizado pelos CADA em parceria com a Trienal de Lisboa, Human Entities: A cultura na era das máquinas semi-autónomas é um ciclo de conversas públicas (em inglês) focado na mudança tecnológica e seus impactos – nas formas como a tecnologia e a cultura se influenciam mutuamente.
Os participantes incluíram Adam Greenfield (US) com o tema Another City Is Possible: Practices of the Minimum Viable Utopia (13 de Abril de 2016), Alice Benessia (IT) com The imaginaries of the Internet of Things and their inherent contradictions e Sara M. Watson (US) com Liquid Data: The Power of Seductive Metaphors (27 de Abril de 2016), e !Mediengruppe Bitnik (CH) com o projecto Random Darknet Shopper (4 de Maio de 2016).
Em 2050, 75 por cento da humanidade será urbana. Entretanto os nossos telemóveis, sensores wearable e as casas e cidades que habitamos, coleccionam data a uma escala oceânica. A computação em rede torna-se gradualmente ubíqua, e à medida que triliões de ‘coisas’ adquirem conectividade, as fronteiras entre humanos e máquinas desvanecem-se a um ritmo acelerado. Com novas tecnologias a funcionarem cada vez mais na relação com outras tecnologias, a data criada entre elas não apenas prolifera, mas a sua escala absoluta e a complexidade da nossa incorporação com o meio envolvente, apontam para uma relação com o mundo radicalmente nova. Como imaginamos a vida quotidiana numa cada vez mais densa infoesfera? Como imaginamos a partilha da nossa vida com máquinas semi-autónomas? Igualmente inspirados e assustados com este poder transformativo, o CADA espera tornar compreensíveis e concretas algumas das assunções por detrás destas tecnologias?
#1 Quarta-feira 13 de Abril: Adam Greenfield (US)
Another City Is Possible: Practices of the Minimum Viable Utopia
Pela primeira vez em Portugal, esta é uma oportunidade única de ouvir Adam Greenfield falar sobre alternativas possíveis ao discurso dominante sobre as smart cities. A conversa é em língua inglesa.
Adam Greenfield é autor do livro Everyware: The dawning age of ubiquitous computing (2006), “Against the smart city” (2013) e The city is here for you to use (a publicar na Verso). Anteriormente Senior Urban Fellow na LSE Cities (London School of Economics), Adam é agora professor na The Bartlett (University College London) MArch Urban Design cluster “Architectures of Participation” com Usman Haque.
https://speedbird.wordpress.com
A conversa com Adam Greenfield será seguida de uma Q&A moderada por Sandro Mendonça (Professor, ISCTE Business School e colunista do jornal Expresso). Agradecimentos: Filipa Tomaz, Sandro Mendonça
#2: Quarta-feira 27 de Abril: Alice Benessia (IT) & Sara M. Watson (US)
Alice Benessia (IT)
Queremos e precisamos mesmo de ser smart? Podemos?
Os imaginários da Internet of Things e suas inerentes contradições
Tecnologias emergentes de informação e comunicação (TIC), tais como a chamada Internet of Things (IoT), redefinem constantemente a textura da nossa cultura, sociedade e estilos de vida, levantando um número de questões epistémicas, normativas e éticas fundamentais, em constante co-evolução. Estas tecnologias são construídas, nomeadas, oferecidas, e em última instância reguladas, de acordo com e através de imaginários tecno-científicos específicos, aqui entendidos como conjuntos de metáforas visuais e verbais que são criados e comunicados quer em literatura especializada quer nos meios de comunicação de massa para o público em geral.
Admiração, poder, controlo e urgência podem ser definidos com os imaginários standards da inovação tecno-científica: os eixos fundamentais que definem o espaço ideal no qual as visões multifacetadas da IoT podem ser projectadas a analisadas em termos de: o que queremos (admiração), o que podemos (poder e controlo) e o que precisamos (urgência) para ser smart. No interior deste espaço ideal vamos analisar juntos uma variedade de media disponível na web produzido por alguns dos actores centrais na revolução da IoT.
Esta exploração conduz a uma reflexão aberta sobre os objectivos e as contradições subjacentes ao desenvolvimento destes sistemas tecnológicos, na relação com o possível declínio de alguns dos atributos fundamentais da integridade e agência humana.
Sara M. Watson (US)
Data líquida: O Poder das Metáforas Sedutoras
Examinando as metáforas dominantes que utilizamos para falar de data, Sara M. Watson disseca a tendência centrada na indústria que está na base do nosso atual entendimento cultural da data. Argumenta que metáforas mais embodied, mais humanas, podem melhor animar a consciência pública e, por sua vez, enformar posições políticas, designs de tecnologia, e modelos de negócio para o futuro. O poder de enquadramentos metafóricos alimenta o seu recente trabalho como research fellow no Tow Center for Digital Journalism (Columbia University), onde examina a retórica e ideologia da tecnologia na imaginação pública. Sara acredita que uma abordagem construtiva na crítica de tecnologia pode contribuir para um mais alargado discurso cultural sobre tecnologia, não apenas comentando nas tecnologias que temos, mas influenciando e definindo as tecnologias que queremos – discutindo e analisando futuros tecnológicos alternativos.
#3 Quarta-feira 4 de Maio: !Mediengruppe Bitnik (CH)
Artist talk: !Mediengruppe Bitnik
O grupo artístico !Mediengruppe Bitnik apresenta trabalhos recentes que exploram a subcultura internet, vigilância e bots. Apresentarão o seu recente trabalho Random Darknet Shopper que conectou directamente galerias de arte com a darknet através de um bot automatizado de compras online. Com um orçamento semanal de 100USD em Bitcoins, o bot foi às compras na deep web onde escolheu aleatoriamente e comprou um item que mandou enviar directamente para o espaço de exposição, criando uma paisagem de bens transaccionados na darknet. Os Bitnik apresentarão também Same Same ─ Watching Algorithms, um bot de software que substitui todas as imagens no site do espaço artístico Cabaret Voltaire com imagens algoritmicamente semelhantes.