MENU
PTEN
Trienal de Arquitectura de Lisboa
Data
15 MAI 2024 - 05 JUN 2024
Horário
18h30
Local
Auditório da Faculdade de Belas Artes e Palácio Sinel de Cordes
Preço
Gratuito
Edição
Equipa
Programado por Jared Hawkey/Sofia Oliveira com programadores convidados: Andrea Pavoni, Justin Jaeckle, Lavínia Pereira e Olivia Bina.
Co-Produção
Organização CADA em parceria com a Trienal de Arquitectura de Lisboa e Faculdade de Belas Artes, Universidade de Lisboa
Estrutura financiada por: República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes

Informação adicional
Registo de bilhetes (grátis):
https://www.eventbrite.pt/o/cada-6048405527

Identidade do ciclo Human Entities 2024 © Francisco Loureiro

Human Entities 2024

Ciclo de Conversas

A 8ª edição de Human Entities é um programa de conversas públicas organizado pelo colectivo artístico CADA que abre a 15 de Maio no auditório da Faculdade de Belas-Artes de Lisboa e conta com as três seguintes sessões no Palácio Sinel de Cordes. Foca a mudança tecnológica, os seus impactos, e as formas como a tecnologia e a cultura se influenciam mutuamente.

Quarta, 15 de Maio 2024, 18h30
A consciência das plantas
Monica Gagliano




Monica Gagliano PhD é uma investigadora internacionalmente premiada, selecionada pela Biohabitats como uma das 24 Mulheres Mais Inspiradoras da Ecologia, juntamente com Jane Goodall, Rachel Carson, Sylvia Earl e Terry Tempest Williams. Foi conferencista convidada nas mais prestigiadas universidades, incluindo UC Berkeley, Stanford, Harvard, Dartmouth e Georgetown. O seu trabalho pioneiro tem sido amplamente divulgado em meios de comunicação social proeminentes, como o The New York Times, Forbes, The New Yorker, The Guardian, National Geographic e muitos outros. Monica é Professora Associada de Investigação (Adjunta) de ecologia evolutiva na Austrália. Atualmente, é cientista-chefe do Kaiāulu|Coherence Lab, no Havai, e investigadora associada do Centro Takiwasi, no Peru.

Monica foi pioneira no novíssimo campo de investigação da bioacústica das plantas que, pela primeira vez, demonstra experimentalmente que as plantas emitem vozes e detetam e respondem aos sons do seu ambiente. O seu trabalho expandiu o conceito de cognição nas plantas. Ao demonstrar experimentalmente que a aprendizagem e a memória não são da exclusiva competência dos animais, Monica reacendeu o discurso sobre a subjetividade das plantas, bem como sobre o seu estatuto ético e jurídico. Inspirada por encontros com a natureza e com anciãos indígenas de todo o mundo, Monica aplica uma abordagem inovadora e holística à ciência, que se sente à vontade para se envolver na interface entre áreas tão diversas como a ecologia, a física, o direito, a antropologia, a filosofia, a literatura, a música, as artes e a espiritualidade. Ao reacender um sentimento de admiração pelo belo lugar a que chamamos casa, está a ajudar a criar uma nova ecologia da mente que inspira o aparecimento de soluções revolucionárias para as interações humanas com o mundo em que coabitamos.

Os estudos de Monica levaram-na a escrever numerosos artigos científicos e livros inovadores, incluindo Thus Spoke the Plant (2018) e The Mind of Plants (2021).

Quarta, 22 de Maio 2024, 18h30
Pluralizar as experiências psicadélicas
Giorgio Gristina




As potenciais aplicações terapêuticas inovadoras estão a alimentar um ressurgimento do interesse científico e clínico pelos compostos psicadélicos. A crescente cobertura mediática populariza conceitos como “experiência mística” e “dissolução do ego”. Estes termos são utilizados na maioria dos estudos científicos para descrever as complexas experiências subjetivas provocadas por estas substâncias, o que possivelmente desempenha um papel nos seus resultados terapêuticos. Mas qual é a história por detrás destas categorias? E existem outras formas de interpretar os efeitos peculiares dessas substâncias?

O enquadramento místico tem sido dominante nas abordagens científicas ocidentais aos estados alterados de consciência, e foi assim adotado pela investigação psicadélica desde o seu início. No entanto, defendo que não é a única interpretação possível dos efeitos dos psicadélicos. Dados etnográficos e evidências anedóticas mostram que outras comunidades abordaram os psicadélicos através de outras epistemologias e que os seus efeitos variam consideravelmente em diferentes contextos. Para alargar a nossa compreensão dos efeitos destas substâncias e das suas aplicações terapêuticas, as abordagens científicas aos psicadélicos devem tentar incluir uma maior diversidade de experiências, contextos e métodos.

Giorgio Gristina tem uma licenciatura em Comunicação Intercultural e um mestrado em Antropologia Social e Cultural, ambos pela Universidade de Torino (Itália). Obteve também um diploma em Engenharia de Som pela escola APM (Itália), tendo colaborado em inúmeros projetos artísticos/audiovisuais ao longo dos anos. Atualmente é doutorando em Antropologia Médica no Instituto de Ciências Sociais (ULisboa), com um projeto de investigação coorganizado pelo System Neuroscience Laboratory (Champalimaud Centre for the Unknown). A sua pesquisa recorre a métodos qualitativos para desvendar os enquadramentos históricos e culturais subjacentes à investigação científica contemporânea e à prática clínica com drogas psicadélicas, com enfoque no cenário português e no seu papel no contexto do “renascimento psicadélico”. O seu trabalho explora as socialidades que emergem em torno do uso e circulação de drogas, e a forma como os discursos científicos moldam as conceções ocidentais do eu, da mente e da saúde mental. Realizou trabalho de campo em Israel e em diferentes locais da Europa.

Quarta, 29 de maio 2024, 18h30
O Design da Inteligência Artificial e a Lógica da Cooperação Social
Matteo Pasquinelli



Uma conversa em torno do livro “The Eye of the Master: A Social History of Artificial Intelligence” com o autor Matteo Pasquinelli.

O que é a IA? Uma visão dominante descreve-a como a procura da “solução para a inteligência” – uma solução a ser encontrada supostamente na lógica secreta da mente ou na fisiologia profunda do cérebro, tal como nas suas complexas redes neuronais. O livro The Eye of the Master, argumenta, pelo contrário, que o código interno da IA é moldado não pela imitação da inteligência biológica, mas pela inteligência do trabalho e das relações sociais, tal como nos “motores de cálculo” de Babbage da era industrial, bem como nos recentes Grandes Modelos de Linguagem, como o ChatGPT.

Professor Associado em Filosofia da Ciência no Departamento de Filosofia e Herança Cultural na Universidade Ca’ Foscari, Veneza onde coordena o projeto ERC AI MODELS.Uma conversa em torno do livro “The Eye of the Master: A Social History of Artificial Intelligence” com o autor Matteo Pasquinelli.

O que é a IA? Uma visão dominante descreve-a como a procura da “solução para a inteligência” – uma solução a ser encontrada supostamente na lógica secreta da mente ou na fisiologia profunda do cérebro, tal como nas suas complexas redes neuronais. O livro The Eye of the Master, argumenta, pelo contrário, que o código interno da IA é moldado não pela imitação da inteligência biológica, mas pela inteligência do trabalho e das relações sociais, tal como nos “motores de cálculo” de Babbage da era industrial, bem como nos recentes Grandes Modelos de Linguagem, como o ChatGPT.

Professor Associado em Filosofia da Ciência no Departamento de Filosofia e Herança Cultural na Universidade Ca’ Foscari, Veneza onde coordena o projeto ERC AI MODELS.

Quarta, 5 de junho 2024, 18h30
Solarpunk significa sonhar verde
Jay Springett



Solarpunk é um movimento de ficção especulativa, arte, moda e ativismo que procura responder e incorporar a questão “o que é uma civilização sustentável e como podemos lá chegar?”

Na era atual de distopia popular, ansiedade climática e colapso da biosfera, o Solarpunk tornou-se um “contentor criativo” para futuros mais férteis. Não um futuro singular, mas muitos. O Solarpunk encoraja todos a reimaginar como poderá ser a vida a caminho de um mundo melhor. O nosso futuro coletivo não nos será imposto de cima, mas antes criado de baixo para cima por indivíduos em polifonia. Uma textura feita de várias linhas simultâneas de melodias independentes.

O futuro nunca chega de forma passiva e totalmente formado, em vez disso, tem de ser sonhado. O Solarpunk é um desses sonhos. Nesta conversa, Jay irá abordar a origem do solarpunk e partilhar as suas tentativas para inspirar pessoas a “refazer a nossa história presente e futura”.

Jay Springett é um estrategista e escritor baseado em Londres. É conhecido como uma das principais vozes do género especulativo Solarpunk, que descreveu em 2019 como um “motor memético” – uma ferramenta para impulsionar a “refuturação” da nossa imaginação coletiva. Em 2020, o seu conto Solarpunk ‘In The Storm, A Fire’ foi pré-selecionado para o Prémio BSFA para Contos. Jay é membro da Royal Society of Arts em Londres e foi selecionado como um das 64 Faces da Europa da WeAreEurope em 2019. Atualmente, é instrutor no The New Centre e fala regularmente sobre o futuro, a tecnologia e a cultura em eventos em todo o mundo. De momento, apresenta dois podcasts: PermanentlyMoved. Online, um diário pessoal com 301 segundos de duração, e Experience. Computer, um programa de entrevistas sobre afantasia, criatividade e imaginação.

A perspectiva curatorial

Numa altura em que a ciência se debruça sobre a inteligência que abunda em ambientes que nos rodeiam, estamos ao mesmo tempo numa corrida para despejar todo o conhecimento humano nas bases de dados de treino da Inteligência Artificial (IA). Uma IA nas mãos de um oligopólio tecnológico maioritariamente norte americano. Isto não parece correcto. Não apenas no sentido em que estes modelos representam uma maior abstração de nós em relação ao mundo - embora o sejam certamente. Mas também, apesar de todos os benefícios positivos de serviços de valor, as plataformas comerciais de IA exercem um poder crescente sobre as nossas vidas e instituições. No entanto, estamos apenas no início da evolução desta tecnologia, ainda temos tempo para a re-orientar para futuros mais viáveis para a vida no planeta.

Imaginar uma verdadeira ecologia da inteligência natural e artificial, baseada numa interacção mutuamente benéfica, pode parecer um sonho impossível. Mas precisamos sonhar. Embora seja um potencial campo minado, a convergência de disciplinas, nomeadamente ecologia, neurociência e IA, se bem gerida e associada a melhores modelos de organização social, poderá ter um impacto positivo nas formas como a biosfera e a tecnosfera evoluem e se intersectam.

Numa altura em que um milhão de espécies se encontra em vias de extinção e os ecossistemas se aproximam do colapso, seria sensato considerarmos a intrincada rede de interdependências que sustenta a vida - e reflectir sobre o facto de todas as inteligências naturais serem profundamente ecológicas.