Esta é a primeira edição do Periple Duet, um ciclo de residências em movimento onde a Trienal convoca duas figuras emergentes da rede LINA para criar um itinerário e um tema que una a cidade onde vivem com Lisboa.
Ajda Bračič e Tevi Allan Mensah regressam agora ao Palácio Sinel de Cordes para apresentar a sua experiência de percorrer mais de 20 cidades em meios colectivos de transporte terrestre, sobre carris ou rodas, para uma reflexão sobre arquitectura e paisagem enquadrada por noções de fronteira, fluidez, mobilidade ou património, tanto material como imaterial.
As viagens são matéria-prima de um exercício de observação: vivenciar a diversidade territorial, reduzir distâncias e alargar limites são elementos-chave abordados em conversa. Este momento abre com uma apresentação do convidado Pedro Tropa sobre artistas cujo trabalho se relaciona com as noções de percurso e deslocação e conta com moderação da realizadora Graça Castanheira para alargar o horizonte da discussão e incluir o seu olhar documental.
Também convidámos a artista Tatiana Macedo a regressar ao Palácio para inaugurar o legado deixado pelo seu périplo por 21 edifícios de referência em nove países europeus, no âmbito da exposição Beleza Natural da Trienal 2019.
Ajda Bračič apresenta o seu diário de viagem intimista a partir de 12 fragmentos, um por cada dia de viagem de comboio entre Ljubljana e Lisboa. Centrando-se nas correspondências entre a linguagem e o espaço, examina de forma não linear como as palavras e as ideias arquitectónicas sempre migraram e viajaram, ignorando fronteiras e criando identidades que se sobrepõem continuamente.
A partir de uma colecção de artefactos e imagens reunidos durante a viagem, Allan Mensah constrói uma reflexão que se apropria do título de uma antologia de contos de Julio Cortázar. Questionando o que significa ir de um lugar até outro, no seu caminho encontra objectos imanentes, paisagens heterogéneas e fronteiras a atravessar para abordar o que estas produzem ou inibem: a deslocação.
18h30 Conferência de Pedro Tropa
19h00 Apresentação do Periple Duet por Ajda Bračič + Tevi Allan Mensah
19h30 Conversa moderada por Graça Castanheira
20h00 Inauguração de uma peça fotográfica pela artista Tatiana Macedo
20h20 Cocktail
Em inglês, as apresentações e conversa integram o programa europeu de LINA — Learning, Interacting and Networking in Architecture. O resultado destes dois diários de viagem é materializado em pequenas publicações que pode levar consigo.
Crítica e editora ligada à cultura em vários meios de comunicação, cuja investigação se centra nas intersecções entre arquitectura, identidade e linguagem encontradas em técnicas, saberes e fazeres de diferentes comunidades. Em 2021 fundou Kajža, uma ONG dedicada à reabilitação e a práticas vernaculares sustentáveis e em 2022 co-editou o livro Super Vernaculars! e estreou-se na escrita de ficção com a publicação de Leteči ljudje, uma colecção de contos.
Os imaginários dos territórios fronteiriços são um tema recorrente na sua prática que cruza criação artística e arquitectura para interpelar o papel desta disciplina como meio de comunicação colectiva. Allan Mensah co-fundou em 2019 o colectivo frontières* dedicado à edição em arquitectura, em 2022 co-criou um micro-festival de arquitectura, Balthazar e actualmente lecciona na cadeira de mestrado 'Utopie/Dystopie' na ENSA Lyon.
Cineasta portuguesa e professora de cinema documental e práticas de realização. A sua obra inclui A Rua da Estrada, a partir do livro homónimo do geógrafo Álvaro Domingues, sobre a paisagem portuguesa e as suas idiossincráticas estradas nacionais, ou a série O Tempo e o Modo, na qual onze personalidades falam sobre o futuro.
A prática artística de Pedro Tropa indaga a noção de paisagem e o universo dos territórios montanhosos dos Himalaias aos Alpes. A natureza rude e rarefeita destes lugares, explorados sensorialmente em viagem através da caminhada ou da escalada, é a matéria de trabalhos em vídeo, fotografia ou desenho. A vivência corporizada in loco é depois revisitada em atelier numa síntese entre percepção e memória.
A obra desta artista formada em antropologia visual explora os campos do cinema, fotografia e som, como no seu filme de 2012 Seems so long ago, Nancy, que foi distinguido com o SAW Film Prize da Associação Americana de Antropologia. Para a exposição Beleza Natural apresentada no Palácio Sinel de Cordes no âmbito da Trienal 2019, viajou pela Europa para fotografar com o seu olhar subjectivo uma selecção alargada de obras de arquitectura.